Sobre estar só, eu sei.

Há alguns dias fui ao cinema sozinha. Alguns amigos meus contestaram, disseram que eu sou um tanto louca e que ir acompanhado é sempre bem melhor. Bom, eu discordo. Adoro ir ao cinema com uma boa companhia. Quem não gosta, afinal? A questão é que existem mil e uma coisas que eu prefiro fazer desacompanhada, e uma delas é assistir filmes, ainda mais quando você sabe que pouquíssimas pessoas gostariam de assistir os mesmos filmes que você.

De fato, ficar sozinha está na minha lista de coisas favoritas. Em momentos assim que posso ser quem sou de verdade, sem medo de não gostarem ou me olharem feio. Em momentos assim que posso andar pela rua cantando alto ou dançando os passinhos mais cafonas possíveis. Em momentos assim que posso viver do jeito que eu quiser e mudar a hora que eu quiser - nem que seja o caminho pra casa. 

Pensando dessa forma, acabei descobrindo um número imenso de coisas que gosto de fazer sozinha e com mais ninguém. Coisas que, olhando de primeira, parecem pouco ou parecem nada, mas que, quando vividas, despertam uma série de sentimentos - bons e ruins - dentro de mim.

Dentre as mil e uma coisas que eu prefiro fazer desacompanhada, ouvir Radiohead ocupa o primeiro lugar. Não existe escutar High and Dry e não ter vontade de passar horas e horas na cama sem fazer nada, repetindo os versos "you broke another mirror / you're turning into something you are not". 

Outra coisa que dispensa qualquer companhia, são programas na National Geographic ou Animal Planet. Só pelo fato de eu ser apaixonada por documentários que falam sobre a natureza, daquelas que choram com um cardume de peixes, sei que poucos seriam aqueles que aguentariam assistir ao meu lado, assim como poucos seriam aqueles que aguentariam as lágrimas e as risadas despertadas por um bom filme argentino, regado de pão de queijo e chá mate sem açúcar.

Em resumo, muito me agrada essa história de viver meio sozinha, meio acompanhada. É como se, no meio de tanta confusão que o convívio traz, a gente tivesse um tempinho pra respirar e cuidar um pouco da gente. Muitos têm medo da própria companhia, mas felizes são aqueles que fazem, do silêncio, um momento bom.



De alguém rodeada de pessoas maravilhosas, 
mas encantada pelo barulho que a quietude faz,
Clara

2 comentários:

  1. Nossa, Clarinha, foi realmente bom me idêntificar com o seu texto. Beijinhos =)

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  2. Eu fui ao cinema uma vez sozinha, e nunca me senti tão ligada ao filme como ali! E foi mágico, porque foi o último Harry Potter, e eu senti que precisava daquele momento apenas comigo mesma e com o filme para me despedir de tantos anos da minha vida..
    E eu simplesmente amei essa frase: "Muitos têm medo da própria companhia, mas felizes são aqueles que fazem, do silêncio, um momento bom."
    Beijos!

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